Sumário
O fechamento percutâneo do apêndice atrial é indicado principalmente para prevenção da formação de coágulos em pacientes com fibrilação atrial, que podem causar acidente vascular cerebral e embolias. Saiba como funciona o procedimento.
Introdução
O coração é formado por 4 câmaras: 2 átrios (câmaras superiores) e 2 ventrículos (câmaras inferiores). Cada átrio possui uma pequena câmara em sua parede muscular denominada apêndice atrial. Normalmente, conforme as contrações cardíacas, o sangue dos átrios e dos apêndices é ejetado para os ventrículos de forma sincrônica.
Em indivíduos com fibrilação atrial, condição em que os impulsos elétricos do coração não seguem a ordem normal e acabam surgindo e/ou se espalhando para outras regiões, como os átrios, gerando contrações não efetivas.
Assim, há maior risco de acúmulo de sangue e formação de coágulos nos apêndices atriais, principalmente no apêndice atrial esquerdo. Isso ocorre devido à dinâmica do fluxo sanguíneo no interior do átrio esquerdo. Se esses coágulos são ejetados pelo coração para a corrente sanguínea, podem causar acidente vascular cerebral (AVC) e/ou embolias.
Mesmo com o uso de medicamentos, o risco continua alto e por isso o fechamento percutâneo do apêndice atrial esquerdo é uma boa opção de tratamento. Falaremos como funciona esse procedimento nos tópicos a seguir! Entenda como funciona.
O que é
O fechamento percutâneo do apêndice atrial é uma forma menos invasiva para o tratamento da fibrilação atrial. Assim, pacientes com essa condição que apresentem risco de desenvolver coágulos no apêndice atrial, esse procedimento pode ser indicado, reduzindo os riscos de AVC e necessidade de uso de medicamentos anticoagulantes.
O AVC secundário à fibrilação atrial é associado a altas taxas de mortalidade e incapacidade, por isso, sua prevenção é muito importante. O uso de medicações, como a varfarina, reduz em até 60% o risco de AVC, porém, até metade dos pacientes não podem utilizar essas medicações pelo risco de sangramento, hemorragia prévia, interação com outros fármacos e devido à necessidade de monitorização rigorosa do tempo de protrombina.
Doenças indicadas
O fechamento percutâneo do apêndice atrial é indicado principalmente para o controle do risco em pacientes com fibrilação atrial.
A fibrilação atrial consiste na principal arritmia cardíaca, acometendo 5 a 10% dos brasileiros. Geralmente, essa doença é assintomática, ou seja, não manifesta sintomas. Por outro lado, quando os pacientes são sintomáticos, os sintomas incluem palpitações, dor no peito, tonturas, cansaço ou falta de ar.
Entre suas causas, destacam-se hipertensão, infarto, válvulas cardíacas disfuncionais, defeitos congênitos, apneia do sono, infecções virais, entre outras. Porém, muitas pessoas não possuem uma causa clara.
O diagnóstico da fibrilação atrial é realizado por meio de um exame de eletrocardiograma e/ou Holter, se necessário. Entre outros possíveis exames complementares para avaliação estão ecocardiograma e testes de função da tireoide.
A principal indicação para realização do fechamento percutâneo do apêndice atrial é quando o paciente possui indicação de uso de anticoagulantes, mas tem risco elevado de sangramento com o uso desses medicamentos.
O tratamento da fibrilação atrial envolve o controle da frequência cardíaca com medicamentos, uso de anticoagulantes orais ou fechamento do apêndice atrial, além de prevenção de tromboembolia e controle do ritmo com cardioversão sincronizada, se necessário.
Procedimento
O fechamento percutâneo do apêndice atrial esquerdo consiste em um procedimento realizado por meio de um tubo, denominado cateter, ou seja, não há necessidade de abrir o tórax.
O cateter é inserido por meio de uma incisão na pele na virilha até um vaso sanguíneo até o átrio direito do coração e em seguida para o átrio esquerdo. Após posicionar o cateter no apêndice atrial esquerdo, implanta-se o dispositivo que oclui essa cavidade.
O preparo para esse procedimento inclui suspensão de medicações, jejum e internação prévia.
Pós-operatório
Os cuidados após o procedimento de fechamento percutâneo do apêndice atrial incluem acompanhamento pelo cardiologista, repouso, uso de medicações e atenção especial a determinados fatores para uma boa recuperação. No geral, a alta do paciente ocorre de 1 a 2 dias após a cirurgia.
