Fechamento percutâneo CIA (comunicação interatrial)

Tempo de Leitura: 3 min.
Data de Publicação: 07/03/2023
Sumário

A comunicação interatrial é uma condição congênita em que há uma comunicação anormal entre duas câmaras do coração e que pode gerar consequências graves quando não tratada. Saiba como funciona o fechamento via percutânea!

Introdução

O coração é formado por 4 câmaras: 2 átrios (câmaras superiores) e 2 ventrículos (câmaras inferiores). A comunicação interatrial consiste em uma abertura anormal entre os 2 átrios, permitindo a passagem de sangue entre eles, prejudicando o fluxo normal de sangue e a oxigenação do mesmo, além de gerar outras consequências estruturais.

Pacientes com grandes comunicações interatriais geralmente apresentam sintomas na infância. Porém, muitos casos só são descobertos já na fase adulta. Por isso, o fechamento percutâneo da comunicação interatrial pode ser realizado para aumentar a qualidade de vida do paciente. Saiba mais sobre os detalhes desse procedimento a seguir!

O que é

O fechamento percutâneo da comunicação interatrial consiste em um procedimento pouco invasivo em que há a inserção de uma prótese que irá ocluir a comunicação entre os átrios, o que gera diminuição dos sintomas e controle das alterações estruturais e clínicas.

Doenças indicadas

A comunicação interatrial consiste em um defeito congênito que pode causar aumento nas pressões e dilatação do coração. Entre as anormalidades estruturais do coração que surgem na fase embrionária, essa é uma das mais comuns, acometendo 1 a cada 800 nascidos. 

Em termos simples, a comunicação interatrial é uma abertura no septo (parede) que separa os 2 átrios, que não deveria existir. Normalmente, o átrio direito só se comunica com o ventrículo direito e o átrio esquerdo, só se comunica com o ventrículo esquerdo.

Nessa condição, os 2 átrios se comunicam, o que acaba fazendo com que o lado direito do coração, responsável por receber o sangue venoso do corpo e mandá-lo para ser oxigenado no pulmão, acabe recebendo uma porção de sangue oxigenado que vem do lado esquerdo. Essa transferência do lado esquerdo para o direito ocorre porque o lado esquerdo possui maior pressão, o que acaba “empurrando” um pouco de sangue para o lado direito, de menor pressão. 

Devido à maior carga de sangue, o lado direito do coração acaba aumentando de tamanho (dilatando) porque precisa trabalhar mais que o esquerdo.

O fechamento percutâneo da comunicação interatrial é indicado principalmente quando ocorrem sintomas, como intolerância ao exercício, arritmia e falta de ar aos esforços, associados há alterações estruturais importantes, como dilatação do coração direito, que pode levar a insuficiência cardíaca direita sintomática, arritmias atriais e hipertensão arterial pulmonar.

O eletrocardiograma pode mostrar bloqueio incompleto do ramo direito. Ao exame físico, pode-se detectar um desdobramento da segunda bulha cardíaca (B2).

Procedimento

O fechamento percutâneo da comunicação interatrial é realizado por meio da inserção via punção venosa de uma prótese para ocluir o septo entre os átrios. Esse procedimento é indicado para comunicações interatriais do tipo ostium secundum.

O objetivo do procedimento é fechar essa comunicação anormal entre os ventrículos. Assim, o sangue segue seu fluxo normal sem sobrecarregar nenhum dos lados do coração. 

No geral, esse procedimento é realizado apenas com a sedação do paciente. A alta ocorre após 1 ou 2 dias do procedimento. Geralmente, em uma semana se pode retomar à rotina normal e em um mês para atividades mais intensas.

Pós-operatório

Em detrimento ao fechamento cirúrgico por cirurgia convencional, incluindo esternotomia ou incisão subxifoideana, o fechamento percutâneo da comunicação interatrial se demonstra ser uma opção segura e eficaz, incluindo algumas vantagens como bons resultados estéticos, menor trauma, menor volume de sangue transfundido e menor tempo de internação.

Importante saber

Quando indicado, é crucial a realização desse procedimento para prevenir possíveis complicações graves geradas pela comunicação interatrial na saúde do coração dos pacientes e melhorar a qualidade de vida!

Dr. Edilberto Castilho
07/03/2023
CRM: 125.259   RQE: 61.301 - Cardiologia | 613.011 - Hemodinâmica e cardiologia intervencionista
·Graduado em medicina pelo Centro Universitário Barão de Mauá - Ribeirão Preto;
·Especialização em Clínica Médica pela Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo;
·Especialização de Cardiologia Clínica e Intervencionista pela Universidade Federal de São Paulo.
Compartilhe nas redes sociais!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

magnifiercross